Medicamento psiquiátrico: Estigmas, necessidade, quando tomar?

Uma breve história

Você já parou para pensar que lidar com a ansiedade e as frustrações não é uma coisa fácil, pois como crianças assustadas parecemos fugir do desprazer a qualquer preço, mas e quando o sofrimento se torna intenso e paralisante, por que não recorrer a um medicamento psiquiátrico?

Será que a resistência ao medicamento, quando o mesmo parece necessário, não vem de um passado em que a medicação psiquiátrica era atribuída a “loucos”. ?

Sim, no passado o acompanhamento psiquiátrico estava muito ligado à visão da loucura, ainda que esta fosse “fabricada” em muitos casos, como eram muitos hospícios e tratamentos da “doença saúde mental”.

Filmes como O Bicho de Sete Cabeças ou histórias reais, como a do conhecido Holocausto Brasileiro em Barbacena–SP., o famoso Hospital Colônia, parecem trazer uma memória que afeta até hoje a visão sobre a psiquiatria e a medicalização em um sentido foucaultiano

Mas hoje o medicamento psiquiátrico, desde que administrado com responsabilidade e acompanhamento profissional sério, é a melhor, se não uma das melhores formas de cuidar da saúde mental em situações emergenciais ou de sofrimento intenso, somada à psicoterapia. 

Críticas ao medicamento psiquiátrico.

Adepto ou crítico ao medicamento psiquiátrico, não há como ignorar a relevância da psiquiatria hoje. A discussão talvez seja de como administrá-la a cada contexto, a cada nova descoberta deste boom tecnológico e informacional ao qual vivemos.

E negar a importância dos remédios como recurso a uma realidade de fenômenos como: depressão, burnout, síndrome do pânico e tantos outros transtornos, como os ligados ao neurodesenvolvimento, por exemplo, não parece uma medida sensata e prudente.   

O remédio é a única saída para os problemas da saúde mental? Não, em nossos dias temos vários problemas e talvez estejamos longe de resolvê-los imersos em uma estrutura social de promoção ao adoecimento. 

Combustível para o adoecer não falta hoje, desde padrões de beleza e metas financeiras inatingíveis à maioria, intolerância política, religiosa, racial, de gênero, mesmo com a evolução de protocolos de consciência moral e ética.

A realidade é que a briga no trânsito ainda evidencia adultos com explosões de crianças com 05 anos e a vida e os recursos para uma dinâmica de vida “ideal” sem nunca precisar de remédios, independente das circunstâncias por exemplo, parece distante.

No âmbito dos recursos possíveis, da vida prática, ou seja, da vida como ela é, de limitações e urgências, a medicação é uma possibilidade real e cabe a você entender a necessidade ou não dela sem romantizações.

Perdas, toda escolha que você tiver, você terá, não é possível abraçar tudo que se quer e como se quer, porém, se as perdas te trouxerem mais saúde e dignidade aos enfrentamentos da vida, esta busca talvez seja mais válida do que romantizar uma busca ideal sem ganhos reais.

A busca pela saúde mental?

Uma pessoa com restrições na visão por ter daltonismo terá uma vivência diferente de alguém não daltônico, ao mesmo tempo que diferenças existirão também a outras pessoas com a mesma restrição.

Ficaríamos horas com exemplos de foco na diversidade humana, porém, ao considerar tal complexidade, torna-se inteligente pensar que como humanos temos uma subjetividade além do biológico ou que este biológico por si só já é diverso. 

A busca pela saúde mental a uma pessoa adulta deve ser um investimento pessoal, se informar, não deixar que os preconceitos o impeçam de uma vida mais saudável ou que o excesso de informação gere problemas ainda maiores.

Se você está em um momento de transtorno intenso por ansiedade, depressão ou qualquer outro e tem pensado nas restrições que o medicamento possa trazer, colocar na ponta do lápis o que você já está perdendo seria fundamental..

Medicamento psiquiátrico: Tomar ou não?

Ainda em dúvida sobre tomar, se sim, não é preciso se decidir baseado em correntes de redes sociais ou vídeos curtos, tão na moda hoje, o alerta é que tais criadores buscam muitas vezes mais monetizar do que informar sobre saúde de fato. 

Depender de um medicamento psiquiátrico é uma realidade comum a muitas pessoas hoje, independente de posição econômica, crença religiosa ou nível intelectual.

Transtornos existenciais leves, moderados ou graves, como ansiedade e depressão, podem visitar qualquer pessoa em dado momento da vida, nunca esqueça disso.

Se você consegue pagar o preço de lidar com transtornos sem remédios, está tudo bem, mas se estiver insuportável, recorrê-los será algo prudente. 

Embora remédios psiquiátricos possam causar efeitos colaterais como alterações no sono, diminuição da libido e fadiga, um acompanhamento médico adequado permite ajustar o tratamento e maximizar os benefícios

A decisão

Cuidar da saúde mental é para a vida toda, se possível invista em uma boa psicoterapia, se conhecer, evita, alivia transtornos e te prepara para o momento em que aquele desconhecido brotar de dentro de você não te pegar de surpresa.

Se ainda há dúvidas ao ler este texto, coloque na balança se o sofrimento vivenciado tem sido suportável sem remédio ou se é um mal que a cada dia vem a te perturbar pelo seu aumento. 

Então, lembre-se, ao identificar um aumento crescente e significativo de sofrimento, não deixe de procurar um bom psiquiatra, particular, de convênio ou do SUS, e cuidado em se automedicar, tal atitude é sempre um risco.

Espero ter te ajudado e vai aí uma dica de duas lives para você assistir sobre ansiedade e depressão é só clicar.

Um forte Abraço.

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