4 razões
” Meu filho não sai do vídeo game” Sim, esta ameaça tem tirado o sono não apenas de pais, mas de neuropsicólogos, psicólogos, psiquiatras, pediatras e hebiatras.
Estes especialistas entendem o desafio que é educar crianças e jovens a uma vida mais saudável e de menor exposição às telas.
Ao que parece, esta é uma mudança sem volta em nossa cultura e ponderar benefícios e prejuízos torna-se muito urgente.
Se você tem filhos adolescentes ou jovens, possivelmente esta questão te faz perder o sono muitas vezes.
Talvez, em seu amor de mãe/pai já fez preces pedindo sabedoria, pesquisou vídeos de especialistas na internet e até perdeu a paciência ao querer proteger seu filho(a).
Meu filho não sai do vídeo game, será esta uma ameaça apenas à juventude?
Neste contexto de uso excessivo de telas, uma coisa me parece óbvia e pouco discutida, pelo menos nas bolhas sociais que interajo, pois: O jovem não sai da frente do vídeo game ou das telas, porque vivemos no mundo das telas, do excesso de tela.
Em 2022, havia uma expectativa de que a indústria de videogames atingisse um faturamento global de US$ 242,7 bilhões até 2024.
Estima-se que o Brasil hoje, seja o terceiro país com maior número de jogadores no mundo, e essa tendência mostra sinais de crescimento contínuo. Saiba mais: SEBRAE
Se fossemos uma sociedade rural ou morássemos em regiões sem internet, nossos problemas seriam outros, mas sim, raras são as pessoas que não ficam muito tempo nas telas.
Vamos pensar juntos, então, em quatro possíveis razões de seu filho não sair de frente das telas.
Primeira razão: A cultura das telas.
Você, mãe, pai, assim como eu, vive a prazerosa e perigosa cultura das telas e tudo que a envolve, aplicativos de bancos, propagandas, distrações, estudos, redes sociais.
Igreja, comunidade, canais dos mais diversos, tudo na velocidade e intensidade de informações como nunca na história.
São tantas as possibilidades que processar do modo menos danoso possível parece ser uma meta impossível.
Essa cultura é prazerosa, pois se não fosse, nós brasileiros não seríamos a nação mais hiperconectada do mundo.
A Organização Mundial da Saúde coincidentemente ou não, também traz o Brasil como o país com maior número de problemas com ansiedade no planeta. OMS
Segunda razão: Seu filho se desenvolve nesta cultura.
Seu filho que não sai do vídeo game está em um contexto diferente do que foi o vídeo game nas décadas de 1980, 1990 por exemplo.
O vídeo game hoje é um mundo de cultura, estética, ditando tendências, comportamentos, interesses econômicos e comportamentais, por exemplo.
Estes interesses ora acolhem, ora excluem seu filho, o deixando à mercê dos bons ou maus relacionamentos que tem ou perde neste universo.
Neste universo, você, mãe, pai, está longe, não entra, por ele não permitir ou por você contribuir para tal afastamento.
Quanto mais você bater de frente contra este universo, mais vulnerável ele poderá estar sem sua ajuda e acolhimento.
Terceira razão: Talvez seja o único ambiente de escuta.
É um clichê das gerações que os filhos se voltem contra posicionamento dos pais, sendo eles muito rígidos ou não.
É difícil, mas não contribua para que ele se volte ainda mais contra você, não morda isca, ele sabe que não é só prazer este universo das telas.
Mas como dividirá este sentimento se você já faz uma companha permanente de demonização de algo que ele tanto gosta e que, no fundo, é importante para ele.
O primeiro passo para ajudar alguém a ter saúde mental é escutar, acolher, você não precisa ser psicólogo para começar a exercitar isso.
Escute antes de dar opinião ou falar o que você acha. Faça este teste aos poucos.
Quarta razão: Por buscar e precisar de afetos.
A busca intensa pelo vídeo game pode ser a busca por afetos, vivências emocionais, acolhimento, sentimento de pertencimento ou de contextos e pessoas que se importam com coisas importantes para eles.
Observo pais que o único discurso realmente importante para os filhos é: “Estudem, estudem, trabalhem”.
Não que isso não seja importante, mas todo universo do jovem de incertezas, inseguranças, paixões, amores, necessidade de aprovação ou medos do futuro como fica?
Você já foi jovem, seu filho não. Você sabe como foi a sua juventude, a dele, quem sabe como é e o que se passa é ele.
Sua ajuda como mãe ou pai pode ser fundamental para melhores lidas a essa realidade tão complexa, mas não corra o risco de seu filho te ver como um promotor de acusação
Considerações
Espero que estas quatro razões tenham te ajudado a pensar e construir ferramentas para lidar com está interrogação tão presente em nossos dias.
O vídeo game pode não ser a melhor opção, mas talvez seja o único espaço onde seu filho possa expressar tantos sentimentos que guarda a sete chaves na solidão da adolescência.
Nesse mundo virtual, ele encontra outros jovens que também se sentem inseguros e com medo de enfrentar a vida adulta.
Se você gostou ou tem contribuições sobre este tema, deixe seu comentário.
Não deixe de me seguir nas redes sociais e de conferir duas lives sobre essa temática que realizei com dois parceiros de profissão.
Lives: Perigo de telas para crianças, e Por que meu filho não saí do vídeo game outros artigos disponíveis por aqui.
Um forte abraço.